Filosofia Medieval

Estrela inativaEstrela inativaEstrela inativaEstrela inativaEstrela inativa
 
A filosofia medieval é basicamente a filosofia da Europa Ocidental e do Oriente Médio no período medieval ou Idade Media, e se estende da queda do Império Romano à Renascença. É respeitada pela redescoberta da cultura antiga desenvolvida na Grécia e em Roma no período clássico, e também, pela formulação de questões teológicas e por integrar a doutrina sagrada com a aprendizagem secular.

Os principais assuntos discutidos ao longo deste período foram as relações entre fé e razão, a existência e unidade de Deus, os objetos da teologia e da metafísica, e questões do conhecimento, dos universais, e da individuação.

Na Idade Média, ocorreu um intenso sincretismo entre o conhecimento clássico e as crenças religiosas. De fato, uma das principais preocupações dos filósofos medievais foi a de fornecer argumentações racionais, espelhadas nas contribuições dos gregos, para justificar as chamadas verdades reveladas da Igreja Cristã e da Religião Islâmica, tais como a da existência de Deus, a imortalidade da alma etc.

Principais períodos


Antonieta (I d.C – VII d.C)

É um período que se caracteriza pelo resultado dos esforços dos apóstolos (João e Paulo) e dos primeiros Padres da Igreja para conciliar a nova religião com o pensamento filosófico mais corrente da época entre os gregos e os romanos. Não obstante, tomou como tarefa a defesa da fé cristã, frente as diversas críticas advindas de valores teóricos e morais dos “antigos”.

Os nomes mais salientes desse período são os de Justino, Tertuliano, Clemente de Alexandria, Orígenes, Gregório de Nazianzo, Basílio, Gregório de Nissa. Eles representam a primeira tentativa de harmonizar determinados princípios da Filosofia grega (particularmente do Epicurismo, do Estoicismo e do pensamento de Platão) com a doutrina cristã. (...). Eles não só estavam envolvidos com a tradição cultural helênica como também conviviam com filósofos estoicos, epicuristas, peripatéticos (sofistas), pitagóricos e neoplatônicos. E não só conviviam, como também foram educados nesse ambiente multiforme da Filosofia grega ainda antes de suas conversões" (SPINELLI, Miguel. Helenização e Recriação de Sentidos. A Filosofia na época da expansão do Cristianismo – Séculos II, III e IV. Porto Alegre: Edipucrs, 2002, p. 5).

Mal (VIII d.C – XIV d.C)

Período bastante influenciado pelo pensamento socrático e platônico (conhecido aqui como neoplatônismo, vindo da filosofia de Plotino). Ocupou-se em discutir e problematizar Questões Universais. É nesse período que o pensamento cristão firma-se como "Filosofia Cristã", que mais tarde se torna Teologia.

Renascença (XIV d.C – XVI d.C):

É marcada pela descoberta de obras de Platão desconhecidas na Idade Média e novas obras de Aristóteles, ainda temos a recuperação de trabalhos de grandes autores e artistas gregos e romanos. São três as linhas de pensamento: Neoplatonismo e Hermetismo; Pensamentos florentinos e por fim o Antropocentrismo iniciático (homem dono do seu destino).

Foi um período marcado por uma efervescência teórica prática, alimentada principalmente por descobertas marítimas e crises politico-culturais que culminaram em profundas críticas à Igreja Católica, que evoluíram para Reforma Protestante (a Igreja Católica responde com a Contra-Reforma e com a Inquisição).

Características da filosofia medieval


A era medieval foi menosprezada pelos humanistas da Renascença, que a viram como um ingênuo período “intermediário' entre a idade clássica da cultura grega e romana, e o 'renascimento' ou Renascença da cultura clássica. Embora este período de quase mil anos seja o período mais longo de desenvolvimento filosófico na Europa e do Oriente Médio, é talvez o mais rico. Jorge Gracia argumentou que 'em intensidade’, sofisticação e realização pode-se dizer, com certeza, que o florescimento da filosofia no décimo terceiro século rivaliza-se com a idade de ouro da filosofia grega no quarto século BC' (Gracia, p. 1).

A filosofia medieval é tipicamente teológica devido ao tema profundamente discutido naquela época: fé versus razão. Avicenna e Averroes apoiaram-se mais na razão enquanto Augustinho e Anselmo acreditam na primazia da fé. A solução Agostiniana para o problema fé/razão é (1) crença, e depois (2) compreensão. Evidentemente encontramos muita filosofia nos trabalhos de escritores medievais, que usaram ideias e técnicas lógicas dos filósofos antigos para formular perguntas teológicas difíceis, incluindo tópicos da doutrina. Tomás de Aquino procurou a harmonia entre fé e razão. Ele classificou a filosofia como ‘ancilla theologiae’, a escrava da teologia. De outro lado, ele também diz que a teologia é um guia orientador para a filosofia. Afirmou que a filosofia e a teologia estão em harmonia porque ambas foram criadas por Deus. Se alguma filosofia entra em conflito com a teologia, então algum erro foi cometido, logo o filósofo deve voltar atrás e procurar o seu erro. Assim, admitirá que existe uma relação recíproca entre filosofia e teologia.

Em geral, há três facetas que caracterizam o pensamento medieval. (1) o uso da lógica, da dialética e da análise para descobrir a verdade – o princípio de argumentação racional ou ratio. (2) Respeito aos ‘insights’ dos antigos filósofos, em particular Aristóteles, e consideração à sua autoridade – princípio de auctoritas. (3) a obrigação de conciliar os ‘insights’ na filosofia com a transmissão teológica e a revelação – princípio da concórdia. Sendo o último o mais importante. Seguramente, nenhuma outra questão preocupou os pensadores medievais mais do que a relação entre fé e razão.
 

350 - 900 d.C. Agostinho foi a linha de separação entre a especulação patrística e escolástica na filosofia medieval. Agostinho o maior de todos os pais latinos da igreja e não houve igual filosofo, teólogo desde Paulo até Tomás de Aquino. Além dele temos Boethius como um dos principais filósofos deste período. Jonhn Scotus Erigena foi precursor do escolasticismo.


A Filosofia Medieval de Santo Agostinho (354-430)

O cristianismo estava consolidado nessa época: embora tivesse apenas quatrocentos anos, era considerado a verdade irrefutável. Apesar disso, Santo Agostinho, que nasceu no norte da África, numa cidade chamada Tagarte, nem sempre foi cristão. Fez os primeiros estudos na cidade natal e ,com a ajuda de um amigo foi para Cartago, aos dezesseis anos, completar os estudos superiores. Não foi um bom aluno. Na juventude, detestava estudar grego. Interessa-se pôr filosofia ao ler uma obra de Cícero. Quando criança era cristão, mas depois interessou-se pôr outras religiões, como a dos maniqueus, que formavam uma seita, e dividiam o mundo entre o bem e o mal, trevas e luz, espírito e matéria. Com o seu espírito o homem pode transcender a matéria, para os maniqueistas. O maniqueismo contém uma visão dualista radical, bem e mal são tomados como princípios absolutos. Posteriormente, Agostinho combateu essa doutrina, que foi criada pôr Manes. De início ele recusava a ler a Bíblia, pôr considerá-la vulgar. Teve um caso de amor, interessava-se pôr questões mundanas e nasceu um filho, falecido ainda adolescente. Com vinte anos, perdeu o pai e ficou sendo o responsável pelo sustento de duas famílias. Foi professor de retórica em Cartago, mas depois mudou-se para Roma. Sua mãe foi contra a mudança e Agostinho teve de enganá-la na hora da viagem. De Roma foi para Milão, onde foi novamente professor de retórica. Foi influenciado pelos estoicos, pôr Platão e o neoplatonismo, também estava entre os adeptos do ceticismo. Abandonou o maniqueismo, que critica. Converteu-se então à fé cristã, depois de conhecer a palavra do apóstolo Paulo, e batizou-se aos trinta e dois anos de idade. Desistiu do cargo de professor. Voltou a Tagaste onde funda uma comunidade monástica, disposto a fundamentar racionalmente a fé, como foi comum na Idade Média. Mostrou que sem a fé a razão não é capaz de levar para a felicidade. A razão, para Agostinho serve de auxiliar da fé, esclarecendo e tornando inteligível aquilo que intuímos. Ele tinha tomado contato com o pensamento neoplatônico de que a natureza humano contém parte da essência divina. Demonstra que há limites para a racionalidade, receberemos um saber que está além do natural. Com o cristianismo uma luz inundou seu coração, sua alma encontrou a paz. Virou vigário aos trinta e seis anos, praticando a vida ascética.

Santo Agostinho escreveu Contra os Acadêmicos e expôs a teoria de que os sentidos dizem algo verdadeiro. O erro provém do juízo que fazemos das sensações, e não delas próprias. A sensação não é falsa, o que é falso é querer ver nelas uma verdade externa ao próprio sujeito. Virou Bispo de Hipona.

Agostinho ficou conhecido pôr "cristianizar" Platão, fazendo vários paralelos entre a parte espiritualista dele (que diz existir um mundo transcendente) e as sagradas escrituras. Faz a distinção entre o corpo, sujeito à sorte do mundo e a alma, que é atemporal., com a qual se pode conhecer Deus. Antes de Deus ter criado o mundo a partir do nada as Ideias eternas já existiam na sua mente. Deus é bondade pura. Ele já conhece o que uma pessoa vai viver antes dela viver. Assim apesar da humanidade ter sido amaldiçoada depois do pecado original, alguns alcançarão a verdade divina, a salvação. Isso depende do uso que fazemos do livre arbítrio, a faculdade que o indivíduo tem de determinar de acordo com a sua própria consciência a sua conduta, livre da Divina Providência enquanto está vivo. Seria o ato livre de decisão, de opção. Durante um diálogo, Agostinho chega a conclusão que o mal não provém de Deus, mas sim do mau uso do livre arbítrio. De fato ,para ele não existe mal, apenas a ausência de Deus. (com isso ele refuta de vez a doutrina dos maniqueus) Essa teoria encontra-se no livro O livre arbítrio.

Com uma vida errada, a alma fica presa ao corpo, porém a relação correta é a inversa. Os órgãos sensoriais sentem a ação dos elementos exteriores, a alma não. Deus é a fonte dos conhecimentos perfeitos e não o homem. A experiência mística leva à iluminação divina. Assim se chega às verdades eternas, e o intelecto então é capaz de pensar corretamente a ordem natural divina. A unidade divina é plena e viva, e guarda a multiplicidade. O amor de Deus é infinito. A graça e a liberdade complementam-se.

Na obra a Cidade de Deus, Agostinho faz oposição entre sensível e inteligível, alma e corpo, espírito e matéria, bem e mal e ser e não ser. Acrescenta a história à filosofia, interpretando a história da humanidade como o conflito entre a Cidade de Deus, inspirada no amor à Deus e nos valores que Cristo pregou, presentes na Igreja, e a Cidade humana, baseada nos valores imediatos e mundanos. Essas cidades estariam presentes na alma humana, e no final a Cidade de Deus triunfaria. Outra obra importante são as Confissões, que é autobiográfica. Essa obra faz dele um precursor de Descartes, Rousseau e o existencialismo. Acredita na verdade contida nos números, que fazem parte da natureza.


A Filosofia Medieval de Santo Anselmo (1033-1109)

Anselmo nasceu em Aosta na Itália, filho de um nobre Gondolfo, e de uma mãe rica, Ermenberga. Seguiu a carreira religiosa, fez estudos clássicos e escreveu sempre em latim. Foi eleito prior em 1063, porque tinha muita inteligência e piedade. Sua biografia nos é contada pelo seu discípulo, Eadmero. Foi comum na Idade Média os religiosos buscavam o apoio da fé na razão. Anselmo escreveu uma obra sobre esse assunto. É considerado um dos iniciadores da tradição escolástica. Buscava um argumento para provar a existência de Deus, e sua bondade suprema. Fala que a crença e a fé correspondem à verdade, e que existe verdadeiramente um ser do qual não é possível pensar nada maior. Ele não existe apenas na inteligência, mas também na realidade. Anselmo desenvolveu uma linha de pensamento sobre essas bases, chamados de argumento ontológico, que foi retomada por Descartes e criticada por Kant, e ela estava numa obra chamada Proslógio. Parte do fato de que o homem encontra no mundo muitas coisas, algumas boas, que procedem de um bem absoluto, que é necessariamente existente. Todas as coisas tem uma causa, menos o ser incriado, que é a causa de si mesmo e fundamenta todos os outros seres. Esse ser é Deus. Seus argumentos não foram totalmente aceitos. Anselmo chegou a arcebispo da Cantuária em 1093. Escreveu outras obras importantes, Da Gramática e A Verdade, latim. Recebeu doações de terras para a igreja, mas brigou com Guilherme, o ruivo, rei da Inglaterra pois não queria fazer comércio com os bens da Igreja. Isso foi considerado um desrespeito ao poder Real, e Guilherme impediu Anselmo de Viajar para Roma, desafiando o poder da Igreja.

Num dos seus primeiros livros, Monológico, em que apresenta sua visão de Deus, Anselmo fala que a essência suprema existe em todas as coisas e tudo depende dela. Reconhece nela onipotência, onipresença, máxima sabedoria e bondade suprema. Ela criou tudo a partir do nada. Anselmo procurava desenvolver um raciocínio evolutivo sobre o que considerava ser a verdade, que estava contida na Bíblia. Para Anselmo, o pensamento tem algo de divino, e Deus tem uma razão. Sua palavra é sua essência, e Ele é pura essência (essa noção não é nova) infinito, sem começo nem fim, pois nada existiu antes da essência divina e nada existirá depois. Para ela o presente, o passado e o futuro são juntos ao tempo, são uma coisa só. E Ela é imutável, uma substância, embora seja diferente da substância das outras criaturas. Existe de uma maneira simples e não pode ser comparado com a consciência das criaturas, pois é perfeito e maravilhoso e tem todas as qualidades já citadas. O verbo e o espírito supremo são uma coisa só, pois este usa o verbo consubstancial para expressar-se. Mas a maneira intrínseca que o espírito supremo se expressa e conhece as coisas é incognoscível para nós. O verbo procede de Deus por nascimento, e o pai passa a sua essência para o filho. O espírito ama a si mesmo, e transmite esse amor.

Para Anselmo, a alma humana é imortal, e as criaturas seriam felizes e infelizes eternamente. Mas nenhuma alma é privada do bem do Ser supremo, e deve buscá-lo, através da fé. E Deus é uno. Para se contemplá-lo devemos nos afastar dos problemas e preocupações cotidianos e buscá-lo. Ele é onipotente embora não possa coisas como morrer ou mentir. É piedoso, em parte por ser impassível, o que não o impede de exercer sua justiça, pois ele pensa e é vivo. Anselmo fala muito da crença divina do Pai, do filho e do espírito humano. Grandes coisas esperam por aquele que aceitar Deus e buscá-lo. Santo Anselmo influenciou muito o pensamento teológico posterior.


A Filosofia Medieval de São Tomás de Aquino

Aquino nasceu em um castelo próximo à cidade de Aquino, Itália, de uma família nobre. Entrou cedo para a ordem Dominicana. Não se sabe com precisão os acontecimentos da sua vida. As universidades surgem no século XII, e elas começam a ter forte atuação e influência. Cria-se um ambiente cultural, nas capitais, em que irão atuar Alberto Magno e seu discípulo, São Tomás de Aquino. Há uma miscigenação cultural, pois os Sábios da Arábia vem para a Europa. São Tomás de Aquino entrou para a universidade de Nápoles, onde estudou filosofia. Sabia, falava e escrevia em latim fluentemente.

Escreveu um opúsculo quando ainda era jovem, O ente e a Essência, entre os anos de 1252 e 1253. Aborda questões metafísicas, explicando o percurso da consciência humana entre a sensação e a concepção . Diz, o que cai imediatamente no alcance do saber humano é composto. O homem se eleva do composto ao simples, do posterior ao anterior. A essência existe no intelecto. A substância composta é matéria e forma. A forma e matéria, quando tomadas em si, ou seja sem o aparato do entendimento racional considerando-as, é incognoscível, mas existem caminhos para a investigação das possibilidades. O intelecto quando está isento da materialidade, desvela que nada pode ser mais perfeito do que aquilo que confere o ser. São Tomás é famoso por ter cristianizado Aristóteles, à semelhança do que fez Agostinho com Platão, ele transformou o pensamento desse sábio num padrão aceitável pela igreja católica, Apesar de Aristóteles não ter conhecido a revelação cristã, como diz Tomás, e de sua obra ser original, autônoma e independente de dogmas, ele está em harmonia com o saber contido na Bíblia. E Tomás aplica o pensamento de Aristóteles na teologia. No Ente e a Essência, ele comenta obras como a Física e a Metafísica. E as observações sobre Aristóteles vão permanecer em todas as suas obras. Além dessa influência podemos citar os padres da Igreja, o pseudo-dioníseo (mais cultura grega), Boécio e os árabes e judeus como influência. Tomás de Aquino afirma que podemos conhecer Deus pelos seus efeitos, ele é o último em uma escala evolutiva, a causa de todas as coisas. Antes de Deus vem os anjos, e antes desses, os homens. Ele comenta o gênero e a espécie, que pertencem à essência, pois o todo está no indivíduo.

A essência tem dois modos, um é dela própria, nada é verdadeiramente dela, senão o que lhe cabe como ela própria. Por exemplo o homem, por ser homem, será sempre racional. Mas o branco e o preto não são noções exclusivas da humanidade.

No outro modo, algo se predica da essência, por acidente daquilo que é específico, como o homem ser de cor branca. As formas são inteligidas na medida em que estão separadas da matéria e suas condições. A diferença da essência da substância compostas e simples é que a composta é forma e matéria, e a simples é apenas forma. A inteligência possui potência e ato.

Santo Tomás de Aquino é mais um que fala (como o fez mais tarde Espinosa) que a essência de Deus é o seu próprio ser.

Concluindo, ele diz que há essência nas substâncias e nos acidentes.

Então virou professor e foi para Paris, onde escreve comentários sobre a Bíblia. Nessa cidade passa a vida, foi onde escreveu as duas Sumas que compõe a sua obra: A Suma contra os gentios e a Suma teológica, mais diversos opúsculos. São obras teológicas, com muitos aspectos filosóficos. Santo Tomás afirma que o homem possui uma capacidade, passada por Deus, de distinguir naturalmente o certo e o errado. Ele não tinha uma visão muito positiva da mulher, como Aristóteles, que dizia ser o homem ativo ,criativo e doador de energia vital na concepção, enquanto a mulher é receptora e passiva. Ele achava que isso estava de acordo com a afirmação da Bíblia que a mulher deriva de uma costela do homem. Na Bíblia está escrito como viver segundo a vontade de Deus, e daí Tomás tira seus argumentos sobre a vida moral. Ele demonstra que não há conflito entre a fé e a razão. O conhecimento verdadeiro é uma adição da inteligência para o objeto a ser inteligido em si. Apesar de Deus ser a causa de tudo, ele não age diretamente nos fatos de sua criação. Mas a providência existe e governa o mundo, pois ele é absoluto e necessário. E a felicidade do homem só pode ser encontrada na contemplação da verdade.

A obra de São Aquino é imensa, alguns de seus trabalhos foram escritos por ele mesmo, outros ditados e outros ainda reportados. Aristóteles disse, e isso foi comentado por São Tomás, que o homem tem a sensação em comum com os animais, que sentem de maneira perfeita. A memória nasce pelo acúmulo de lembranças, e a lembrança nasce da experiência. Mas o homem se eleva ao raciocínio e produz a arte. A filosofia é um conhecimento das causas dos fenômenos. Assim a filosofia deve considerar o senso comum e tem um aspecto coincidente com a teologia: seu saber provém da Sabedoria divina. Então, em menor grau o saber popular também. Mas a sabedoria divina deve ser procurada através da fé, dizia Tomás, e isso é comum entre os teólogos.

Ele distingue na natureza o ser real e o ser da razão (Espinoza nos Pensamentos metafísicos também o faz, mais uma vez.). O ser real existe independente de qualquer consideração da razão. O ser da razão é aquele que apesar de existir em representação, não pode ser independente do pensamento de quem o concebe. Assim a lógica humana só existiria no conceito, e não na realidade. Por outro lado, a alma é imortal, pois é imaterial, e tudo que é imaterial é imortal. Esse argumento como outras verdades teológicas pode ser agora combatido, mas durante séculos ele fundamentou o pensamento em que a Igreja se apoia.

Para Tomás, o conhecimento passa por vários graus de abstração cujo objetivo é conhecer a imaterialidade. O primeiro esforço da existência abstrativa consiste em considerar as coisas independentemente dos sentidos e da noção que tiramos dele. O segundo esforço consiste em considerar as coisas independentes das qualidades sensíveis. No terceiro esforço tem que se consideraras coisas independentes do seu valor material. Assim chega-se ao objeto metafísico, que é imaterial, espiritual.

Na Suma contra os Gentios faz uma exposição completa da religião católica, identificando o que há de verdade nela. Gentios eram os pagãos e os maometanos. Essa suma trata de Deus e suas obras, da fé no mistério da santíssima trindade, da encarnação, dos sacramentos e da vida eterna. Deus é a verdade pura, sem falsidade vontade que existe em si e para si e neste processo estende sua vontade para o que não é a sua essência. O que não é sua essência seriam só as coisas percebidas, pois Deus é tudo. Não tem ódio, não quer o mal, sua potência indica-se com a sua ação, mas ele não pode tudo. Santo Tomás de Aquino faz a distinção entre a filosofia e teologia. E as criaturas não existem desde sempre. Ele descreve o momento em que se inicia uma vida, quando mostra como a alma se junta ao corpo. É uma grande obra, que influenciou e influencia até hoje todos os que se querem católicos, além de filósofos e outros estudiosos.

O Escolatismo

Alguns datam os primórdios deste movimento no século VII DC. Fazendo o prolongar-se até o século XV DC. Seja como for, chegou a o seu ponto culminante nos séculos XII e XIII. Esse nome alude aos homens de escola os mestres universitários, filhos da igreja católica romana, que controlavam o sistema educacional da Europa, durante a idade média. O sistema estava alicerçado sobre o manuseio filosófico da fé cristã, destacando-se as ideias filosóficas de Platão e Aristóteles mas, especialmente, a lógica e a metafísica do último deles. O maior filosofo deste período foi Tomas de Aquino. A filosofia dele continua sendo uma poderosa força tanto no seio da igreja católica romana quanto no mundo filosófico.

Os principais teólogos filosóficos deste período foram.

Anselmo 1033 - 1109
Roscelino 1050 - 1122
Guilherme de Cjampeaux 1070 - 1121
Pedro Abelardo 1079 - 1142
Pedro Lombardo + - 1164
Vernardo de Clairvaux 1091 - 1153
João de Salisbury 1115 - 1180
Alexandre de Hales falecido em 1245
Alberto Magno 1193 - 1280
Tomás de Aquino 1225 - 1274
Boaventura 1121 - 1274
Rogério Bacon 1214 - 1294
João Duns Scotus 1226 - 1308

 

Filosofia islâmica na Idade Media


Enquanto que o Judaísmo e a cristianismo começaram como uma religião de pequenos grupos, o Islamismo se desenvolveu como a religião de um império em expansão. Cem anos após a morte de Mohamed em 623 a.C, através de conquista militar, o mundo Islâmico chegou à Índia, à África Norte e ao sul da Espanha.

Como resultado, muitos povos assimilaram a cultura muçulmana, assim o Islamismo entrou em contato com os sistemas teológicos do Judaísmo, do cristianismo, do Zoroastrianismo e das filosofias Hindu e Grega. Isto incentivou teólogos Islâmicos a aplicar diversas ideias e princípios filosóficos para interpretar doutrinas Relativas ao Alcorão.

A primeira etapa deste processo foi a tradução para o árabe de trabalhos filosóficos e científicos gregos que tinham sido preservados por Cristãos Orientais na Mesopotâmia, na Síria e no Egito. Os tradutores foram em maior parte Nestorianos e Cristãos Jacobitas, que trabalharam por duzentos anos após o primeiro período Abbasid (c. 800). O tradutor mais importante deste grupo foi Hunayn Ibn Ishaq (809-873), cristão que dominava o siríaco, conhecido pelos Latinos como Joannitius. Os textos, primeiro, foram traduzidos para o siríaco e depois para o árabe. Apesar das limitações mas priorizando o conteúdo e não a elegância, as traduções foram geralmente exatas, .

No século X, outra escola surgiu entre os Jacobitas que conhecendo pouco de grego utilizavam somente traduções em siríaco. Foram traduzidos quase todos os trabalhos de Aristóteles, os textos de comentaristas como Alexander de Aphrodisias, Themistius e Theophrastus e a maior parte dos diálogos de Platão inclusive alguns trabalhos de Neoplatônicos.

A etapa seguinte foi o desenvolvimento da teologia Islâmica pelos Mutakallimiin, divida em Mu'tazilites e o Ash'arites. Os Mu'tazilites originaram-se em grupos que se encontravam em Basrah e a Bagdá para discutir como as idéias filosóficas gregas poderiam ajudar a resolver certos problemas teológicos, como unidade divina e como os seres humanos podem ser livres mesmo sob a onipotência de Deus. Também desenvolveram provas da criação do mundo, aplicando ideias Neoplatônicas do Cristianismo. Os Ash'arites (fundado por al--Ash'ari, 873-935) tentavam esclarecer doutrinas Relativas ao Alcorão. Negaram a existência de qualquer causação exceto por Deus, e por isso negaram o livre arbítrio. Por que algo acontece? ‘Vontade de Deus’.

Al--Kindi (801–873) é geralmente considerado o primeiro filósofo Aristotélico. Ele defendeu o estudo independente da filosofia, e também escreveu sobre ciência e lógica. Al--Razi (865-c. 925), em contraste, defendeu Platão contra Aristóteles, considerado por ele um corruptor da filosofia. O Aristotelismo continuou com al--Farabi (870-930) e Ibn Sina, conhecido pelos Latinos como Avicenna (980-1037). O teólogo Ash'arite al--Ghazali (1058-1111), representa a reação Islâmica à Aristóteles. Ghazali, amargamente, denunciou Aristóteles, Sócrates e outros escritores gregos como infiéis e rotulou aqueles que empregaram seus métodos e ideias como corruptores da fé Islâmica.

O Aristotelismo Islâmico chegou ao apogeu com Ibn Rushd, conhecido pelos Latinos como Averroes, bem conhecido no ocidente pelos seus comentários sobre Aristóteles. As traduções hebraicas do seu trabalho também tiveram um impacto duradouro na filosofia judaica.



Bibliografia

Cola da  Web
Cyber e Sophia
Wikipédia

Internet filosofia
Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia
R.N.Chaplin, Ph.D.
J.M.Bentes
Editora Candeia

 

Imprimir Email

  • /cultura/index.php/salas/filosofia/105-periodos/625-filosofia-moderna
  • /cultura/index.php/salas/filosofia/105-periodos/570-filosofia-antiga